DINHEIRO PÚBLICO PARA EMPRESÁRIOS DOS TRANSPORTES COLETIVOS

Mais uma vez a prefeitura de Rio Branco, agora sob nova gestão, tenta agraciar empresários do ramo do transporte coletivo de Rio Branco. Em duas tentativas feitas no apagar das luzes da administração anterior, a maioria dos vereadores, dentro os quais me incluo, rejeitou essa proposta.

Evidente que todos somos favoráveis que os direitos trabalhistas e salários dos servidores sejam pagos, de preferência dentro dos prazos estabelecidos pela legislação vigente. São profissionais que desempenham suas funções de forma heroica, sem as condições mínimas para garantir a segurança das pessoas que transportam, na sua maioria de baixa renda.

O problema é que os recursos públicos, oriundos dos nossos pagamentos de tributos, taxas e contribuições, devem ser usados de forma justa e igualitária, sem desmerecer ou privilegiar categorias, ainda mais de grandes empresários que há anos detêm o monopólio no negócio de transportes coletivos, na nossa cidade.

A justificativa que a prefeitura apresenta, de que a Pandemia causou grandes prejuízos pode e deve ser questionadas, principalmente sob dois aspectos:

1 – Esses atrasos nos pagamentos e depósitos dos direitos trabalhistas dos servidores, antecedem à Pandemia, são problemas crônicos denunciados pelos próprios empregados das empresas de ônibus;

2 – O argumento de prejuízos causados pela Pandemia, também deveria ser estendido aos demais setores da economia, como por exemplo o setor produtivo, autônomos e pequenos empreendedores, entre outros, que por conta de Decretos Governamentais, ficaram impossibilitados de comercializarem sua produção ou desenvolverem suas atividades, e com isso amargaram e ainda amargam enormes prejuízos.

Então fica o questionamento: Por quê a prefeitura só tem olhos para ajudar os empresários dos transportes, que segundo o próprio prefeito em uma de suas declarações à imprensa disse: “As empresas de ônibus têm uma concessão pública, portanto, a responsabilidade do pagamento dos salários dos funcionários não é, nunca foi e nem será da prefeitura, é das empresas de ônibus.” E continuou: “Nós não vamos colocar o dinheiro do suor do nosso povo à disposição de empresários. Eles já tiveram muitos lucros no passado e por que não bancam o prejuízo de agora”...” então, não vamos dar dinheiro para essas empresas de jeito nenhum, porque esse dinheiro é do povo e eu não vou queimar o dinheiro do povo”.


Em uma entrevista concedida no dia 01 de fevereiro de 2021, no Programa Bom dia Rio Branco, transmitido pela TV Rio Branco, o prefeito mais uma vez reafirmou o dissera dias atrás, quando perguntado pelo jornalista Tião Silva se mantinha o posicionamento de não colocar dinheiro público para as empresas, o prefeito foi incisivo na resposta: “Não coloquei e não vamos colocar” (Veja o Vídeo). https://youtu.be/nT7ibHmDWZk

E agora?? O que dizer??  O que aconteceu para o prefeito mudar de opinião?? Para quem bradava que não tinha o rabo preso com os empresários, e que ao assumir abriria o que ele chamava de “caixa-preta”, essa nova postura causa no mínimo, estranheza, pois seis meses se passaram e a prestação dos serviços só tem piorado, com poucos ônibus em circulação e com tempo de espera nas paradas, muito acima do normal. Será que existe uma caixa-preta?? Ou teria ela mudado de cor??

Mais uma vez a responsabilidade estará nas mãos dos vereadores, que terão que tomar uma decisão, sem meio termo, sem muro para subir. Ou atendem aos desejos do prefeito e votam favorável a distribuição de dinheiro público, para salvar “os coitados” dos empresários espertalhões, deixando outros setores da economia sem nenhuma ajuda, ou brecam essa imoralidade e propõem medidas mais definitivas, como a abertura de um novo processo licitatório, dando oportunidade para que outras empresas possam vir prestar um serviço de qualidade, respeitando seus servidores e usuários.

O que não dá para entender é por que o prefeito insiste em manter a concessão nas mãos de empresas que ele mesmo acusava de colocar dinheiro em campanhas de prefeitos e vereadores; acusava de serem sucateadas e de prestarem um péssimo serviço; acusava de praticar preços exorbitantes. É meus amigos e amigas, as coisas mudam!   

Que os empresários façam igual a todos os mortais, quando precisam de dinheiro para sanar suas dívidas, peguem empréstimos e paguem o que deve aos funcionários. O prefeito não pode “fazer cortesia com o chapéu alheio.” 

Por Mamed Dankar






 




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