O nosso Estado, lamentavelmente,
aparece nos últimos lugares no ranking da vacinação para a COVID 19. Em Rio
Branco vivem mais de 400 mil pessoas, metade da população do Acre, e a lentidão
na vacinação na capital, reflete e contribui para que estejamos nessa classificação
vergonhosa no cenário nacional.
A vacinação, por ser uma ação de
atenção básica à saúde, é responsabilidade do poder municipal, no nosso caso, a
Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA, que desde o início do processo de
vacinação tem sido alvo de críticas por parte dos vereadores e da população em
geral.
No início, a reclamação se
concentrava na falta de transparência e dificuldade de compreensão do
cronograma fornecido pela prefeitura, principalmente com relação aos locais de
vacinação. Depois vieram os episódios de vacinação de pessoas que não faziam
parte do grupo das prioridades, que ficaram conhecidos como os Fura-filas, caso que foi
parar no MPAC para apuração e pedido de explicações ao gestor municipal da
saúde e aos demais envolvidos.
Posteriormente vieram os
questionamentos sobre a falta de informações sobre a quantidade de vacinas
recebidas e aplicadas, e sobre a atualização diária dos dados, deixando margem de dúvidas para especulações quanto ao
fiel cumprimento do calendário.
Isso tudo fez com que o secretário
municipal de saúde, Frank Lima, se tornasse figura de presença constante na
câmara municipal de Rio Branco, para explicar e justificar suas atitudes frente ao órgão de saúde municipal.
Paralelo a isso tudo, assistindo,
até que de forma pacífica, uma população que clama por mais vacinas e por mais
rapidez e eficiência, na esperança de chegar ao tão sonhado (infelizmente não
por todos) dia da vacinação. O que se quer é afastar a possibilidade de
infecção, que pode deixar sequelas, e que por mais de mil e setecentas vezes
ceifou vidas em nosso estado.
Agora, na quarta fase de
vacinação, onde pessoas com 59 anos e sem morbidades já começam a ser
vacinados, a prefeitura parece querer inovar ao mudar a estratégia de vacinação
da população em geral, atraindo para si mais uma enxurrada de questionamentos e
críticas.
Segundo noticia-se nas redes
sociais, existem mais de 30 mil doses de vacinas estocadas nas geladeiras
municipais de Rio Branco, quando deveriam estar no braço dos nossos munícipes. Ora, elementar
que em um caso de Pandemia, as ações sejam rápidas, eficientes e precisas, para
conter o avanço da disseminação do vírus, reduzindo o número de infectados,
desafogando a pressão e o atendimento no nosso já combalido sistema de saúde.
Lembro de uma frase de minha
querida e saudosa vozinha, que dizia: “quem
não pode com o pote, não pega na rodilha.” Evidente que se o município, que
tem essa missão de vacinar os acreanos, não está conseguindo implementar o
ritmo necessário que o caso requer, use da humildade e peça apoio ao governo do
estado, que poderá ajudar a destravar essa ação, isso se ficar comprovado que o
problema é no sistema de saúde, outrora conhecido pela presteza e eficiência em
campanhas de vacinação, pois se o problema estiver em quem conduz o processo,
aí caberá ao prefeito resolver, mudando a direção da saúde municipal, o que
acho pouco provável.
É preciso ousar, fazer diferente, imprimir novo ritmo de vacinação. Mutirões de vacinação em horários estendidos poderiam ajudar. Tenho certeza que uma ação planejada, envolvendo o governo do estado, rede privada e outras instituições, combinados com uma valorização dos servidores da saúde, elevariam esses índices e acabariam com o estoque dessas vacinas. A vacina é um direito de todos!
O que não pode continuar é esse
marasmo, essa letargia, como se estivéssemos atravessando águas tranquilas.
Mais respeito à vida, é o mínimo que se espera de pessoas pagas com dinheiro
público para trabalhar em favor da sociedade.
Por Mamed Dankar / 14 de junho 2021