O RETORNO DAS COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS - FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO!

Com o claro objetivo de manterem seus mandatos, os Deputados Federais, em votação realizada em primeiro turno, aprovaram o retorno das coligações partidárias, já para as próximas eleições gerais de 2022.

A Emenda Constitucional n.º 97/017, votada no Congresso Nacional, pelos próprios parlamentares, havia determinado o fim das coligações partidárias nos pleitos para cargos proporcionais e valeu para as eleições municipais de 2020. Com isso, os candidatos a vereador disputaram o cargo por meio de chapa única dentro do partido pelo qual estavam filiados, o que trouxe muitas novidades, como por exemplo a redução significativa de partidos com candidatos eleitos, uma vez que não conseguiram atingir o chamado coeficiente eleitoral. 

O resultado dessa “experiência” acendeu uma luz vermelha nos gabinetes das direções dos partidos que, acostumados a “pegar carona” em outras siglas, sofreram derrotas fragorosas, deixando de eleger candidatos e com isso, reduzindo seu capital político e sua força de barganha.

O fim das coligações proporcionais delega ao eleitor um maior poder de decisão quanto ao projeto político que quer apoiar, pois ao escolher um candidato, também estará definindo qual partido político ele quer beneficiar com o seu voto, diferentemente do que ocorre nas eleições com as coligações.

Em verdade, as eleições municipais de 2020 serviram como observatório para os que irão concorrer nas próximas eleições de 2022, e como o resultado foi desastroso para alguns partidos, agora resolveram novamente mudar as regras do jogo.

Na nova votação na câmara dos Deputados, apenas 5 partidos mantiveram suas posições iguais as que tiveram na reforma anterior, ou seja, foram novamente contrários as coligações partidárias (Cidadania, PDT, PSD, PSL e REDE), os demais, em sua totalidade ou em sua ampla maioria, parece que sofreram da chamada “amnésia em causa própria”.

O retorno das coligações partidárias proporcionas se configuram em um verdadeiro retrocesso, pois em sua grande maioria, têm apenas a finalidade eleitoral, sem observar as bases programáticas dos partidos. Favorecem a proliferação das chamadas “legendas de aluguel”, ou servem para acomodar e proporcionar a eleição de candidatos, cujos partidos sozinhos, não conseguem conquistar a atenção e o voto dos eleitores.

Os deputados, sem pudor nenhum, atendendo apenas aos interesses pessoais, alteram mais uma vez a legislação eleitoral, deixando claro para o povo brasileiro que a preocupação não é aprimorar o sistema político, mas tão somente a manutenção dos seus próprios mandatos, com todos os privilégios e influências.

Envoltos em um misto de egoísmo e sede pelo poder, nossos Parlamentares Federais deram sentido ao conhecido ditado popular: “Farinha pouca, meu pirão primeiro!”

Por Mamed Dankar.

A PONTE FOI CONSTRUÍDA! E OS PREÇOS BAIXARAM??

Inaugurada no dia 7 de maio, a conclusão da ponte sobre o Rio Madeira concretizava o sonho de milhares de pessoas, que durante anos tiveram que se utilizar de balsas para a travessia, que além do alto custo também trazia o desconforto da demora.

Entre as justificativas comentadas para que o projeto fosse concluído, estava o discurso fácil e politiqueiro de que, com a redução do tempo de espera e sem o custo cobrado pelos ricos empresários donos das embarcações, os preços dos produtos sofreriam uma redução, e chegariam ao acre com valores mais acessíveis. Quem apostou ou acreditou nisso deve está desapontado, pois esse cenário não se consolidou por aqui, pelo menos é o que constatei  nos preços de alguns produtos alimentícios. 

Conhecendo o espírito que move a classe empre$arial e ciente de que toda essa conversa não tinha nenhum fundamento, realizei por conta própria uma pesquisa, que não tem caráter cientifico, em um supermercado conhecido e que tem muitos clientes, e que em tempos passados chegou a apregoar em sua logomarca que tinha orgulho de ser acreano. 

Durante esses meses fiz três compras na mesma loja, dos mesmos produtos e marcas, salvo raras exceções em que o produto não se encontrava nas prateleiras, para acompanhar a tão sonhada baixa de preço dos produtos. A primeira compra fiz no dia 07 de maio, dia da inauguração da ponte, sendo que as seguintes ocorreram nos dias 06 e 28 de junho, tempo suficiente para que a redução dos preços pudesse ser comprovada.


O resultado é o que está nesta imagem, os preço não só mantiveram seus padrões, como em alguns casos houve uma majoração para maior, demonstrando claramente que, se houve redução de preços e vantagens com a construção da sonhada ponte, com certeza não contemplaram os consumidores acreanos. Pelas constantes reclamações que escuto, esse comportamento também se aplica a outras categorias de produtos, como os da construção civil, vestuários e agropecuários, por exemplo. 

Não tenho dúvida que outros benefícios vieram, como a redução do tempo de espera, a economia pelo não pagamento pela travessia e a possibilidade de abertura para investidores, que tinham na falta da ponte, um grande empecilho. Aliás, essa construção desmonta uma grande negócio, chamado por alguns de um verdadeiro cartel, que durante anos enricou empresários e quem sabe até políticos, padrinhos dessa pouca vergonha. 

A planilha abaixo mostra com mais clareza o comportamento dos preços de 19 produtos alimentícios consumidos por boa parte dos acreanos.


 

Por Mamed Dankar